Fotos: Edgar Rocha/ Divulgação Yamaha e Reprodução
O ano era 1981. Enquanto você escutava em seu rádio FM a voz “diferentona” de Kim Carnes cantando Bette Davis Eyes, os engenheiros motociclísticos por aqui estavam às voltas com a alquimia de fazer uma moto funcionar de maneira suficientemente aceitável com álcool hidratado.
Neste mesmo ano, a Honda lançou a primeira moto a álcool do mundo, uma CG 125. No ano seguinte foi a vez da Yamaha, com a RX125 a álcool, equipada com motor dois tempos e, também como sua concorrente, contava com tanque adicional de gasolina para partida a frio.
Muito tempo se passou e 30 anos depois as motos flex começam a disputar o mercado, apesar da desconfiança dos consumidores com relação aos benefícios de ter uma moto bi-combustível.
Grande parte desta desconfiança se dá pelo fato de termos aprendido que somente fica viável usar o álcool quandoo preço dele está 30% mais barato que a gasolina e também pela inconstante política do governo sobre o preço dos combustíveis.
Minhas impressões da Fazer 250 continuam as mesmas de quando tive o prazer de conhecê-la melhor em maio de 2011. Acho que ela tem um dos melhores conjuntos comparando com suas concorrentes. Você pode reler a matéria aqui: Uma grata surpresa.
De lá para cá, a única coisa que ela merecia era uma atualização de linhas e acabamentos, uma vez que este modelo está no mercado praticamente sem alterações significativas desde o início de 2010.
Confesso que fui um pouco cético a respeito da Fazer Blueflex. Imaginei que era um lançamento apenas para “passar recibo” diante dos consumidores e da sua principal concorrente de que “nós também dominamos a tecnologia flex”.
Imaginava que uma moto circulando com álcool, teria a mesma proporção de consumo que um carro. Ou seja, rodaria 30% a menos no álcool que com gasolina. Outro ponto que faz com que cada vez mais consumidores utilizem álcool em seus veículos é o custo de encher o tanque. Tudo bem que você vai rodar menos, mas psicologicamente, o impacto de gastar R$100,00 já no inicio da semana para encher o tanque do carro é outro. Como o tanque das motos geralmente é pequeno, encher com álcool ou gasolina, a diferença fica pequena.
Bem, saí da redação do Best Riders e logo a última barrinha do indicador de combustível começou a piscar. Procurei um posto de aparência confiável e, pela primeira vez na minha vida, pedi para encher o tanque da moto com álcool. A reação do frentista foi engraçada: – Álcool? – ele perguntou. Sim – respondi, a moto é flex.
A única diferença que o consumidor irá notar se estiver abastecido com álcool, é a luz BLUEFLEX do Sistema Yamaha de Segurança. Ao dar partida em temperaturas baixas, o condutor deve aguardar a luz BLUEFLEX apagar antes de engatar marcha, caso contrário, a motocicleta desligará automaticamente. Nada mais é que um sistema igual ao do descanso lateral, se você engata a marcha a moto desliga. Isso foi criado por medida de segurança, para evitar que o piloto saia com a moto muito fria e ela engasgue ou morra, o que pode provocar uma queda. Comigo a luz acendeu 3 vezes, sempre a noite e não demorou mais de 30 segundos para apagar.
Enchido o tanque, vamos às contas. O tanque da Fazer tem 19,2 litros , sendo 4,5 de reserva. Coloquei 13,6 litros gastando R$ 25,83. (preço da gasolina R$2,898 / álcool R$1,899 – 34,4% a menos). Achei que sentiria alguma diferença na condução e comportamento do motor, mas nada foi sentido nestes primeiros 150 quilômetros rodados na cidade em trechos da baixa/média /alta.
Tinha como missão, esvaziar dois tanques da Fazer Blueflex em pouco tempo, e com meu trajeto habitual e números extremamente econômicos da moto, isso levaria alguns dias.
Decidi pegar o domingo e sair sem destino, para encarar uma estrada. Só iria parar quando o marcador de combustível indicasse reserva. Saí cedo e rodando pela Marginal Pinheiros, ainda não havia decidido meu destino. Acabei pegando a Castelo (a Rodovia Presidente Castelo Branco SP-280, também denominada BR-374, é a principal ligação entre a Região Metropolitana de São Paulo e o Oeste Paulista). Mantive velocidades que variavam de 100 a 120km/h. O motor trabalhou o tempo todo entre 6.500 e 8.000 rpm. Como fazia muito tempo que não andava na Fazer e ainda estava não havia colocado gasolina, não podia fazer comparativos, mas fiquei impressionado com o rendimento e disposição deste monocilíndrico com arrefecimento a ar, radiador de óleo, 2 válvulas SOHC que rende 21cv a 8.000 rpm.
Fui indo, indo, indo e se o tanque fosse maior, talvez só parasse no Mato Grosso. Mas poucos quilômetros após Boituva, a última barrinha do indicador de combustível começou a piscar. Bem, hora de procurar a cidade mais próxima e abastecer. Entrei em Cesário Lange (para quem não ligou o nome à pessoa, fica a 151 km do centro se São Paulo), dei uma volta pela cidade, parei perto do coreto na praça central para algumas fotos e comecei a procurar um posto para abastecimento, desta vez com gasolina. Na saída da cidade, achei um posto simpático que parecia ter um combustível honesto e de boa qualidade. Enchido o tanque, vamos aos números: 309,3 km rodados desde o último abastecimento em São Paulo com álcool, 14,51 litros colocados de gasolina. Consumo – 21,31 km/l. Pouco? Não, nada disto. Vale lembrar que depois de cerca de 150 km rodados na cidade, rodei mais 150 km em alta rotação durante a viagem toda. Achei o consumo bem razoável para quem rodou com álcool a 120 km/h. (preço da gasolina R$ 2,699 / do álcool R$ 1,899 – 29,6% a menos). Agora o destino é retornar a São Paulo, mantendo a mesma media de velocidade e rotação.
Aproveitei o belo domingo de sol e resolvi levar a Fazer Blueflex para ver onde é feito seu combustível. Rodei pelo interior paulista em direção a Piracicaba. Passei por algumas usinas de álcool e não resisti em fotografar a Fazer do lado de muita cana. Na estrada comecei a sentir a diferença de comportamento, desta vez rodando com gasolina. Sentia que mais frequentemente o acelerador chegava ao limite e que o rendimento da moto ficou inferior em comparação à viagem de ida. Depois de passar por Tietê e Piracicaba, segui para São Paulo pela Bandeirantes mantendo a mesma media horária mas com nítida diferença de rendimento.
Chegando a São Paulo, voltei à rotina de trajetos e consegui manter o mesmo padrão de percurso e médias horárias para uma aferição mais precisa. Com o hodômetro marcando 328,6 km, novamente ela entrou na reserva. Hora do veredito final. Abasteci a Fazer, sempre mantendo o mesmo nível e foram 13,89 l. Consumo de 23,66km/l.
Em resumo: Com a marca de 21,31km/l no álcool e com 23,66km/l na gasolina, a Fazer se mostrou muito eficiente e econômica, quebrando o preconceito que tinha com relação às motos flex. A diferença de rendimento e resposta foi grande e começo a ver a importância do desenvolvimento do mercado de motores Flex. Você encontra a Yamaha Fazer YS250 Blueflex nas cores prata e preta ao preço de R$11.690,00 com um ano de garantia sem limite de quilometragem.
Ficha Técnica:
Comprimento total: | 2.065 mm |
Largura total: | 745 mm |
Altura total: | 1.065 mm |
Altura do assento: | 805 mm |
Distância entre eixos: | 1.360 mm |
Altura mínima do solo: | 190 mm |
Peso seco: | 137 Kg |
Raio mínimo de giro: | 2.4 m |
Motor: | 4 tempos, SOHC, refrigerado a ar com radiador óleo, 2 válvulas |
Quantidade de cilindros: | 1 cilindro, 2 válvulas |
Cilindrada: | 250 cc |
Diâmetro x curso: | 74,0 x 58,0 mm |
Taxa de compressão: | 9.80:1 |
Potência máxima: | 21 cv a 8.000 rpm |
Torque máximo: | 2,1 kgf.m a 6.500 rpm |
Sistema de partida: | Elétrica |
Sistema de lubrificação: | Cárter úmido |
Capacidade do óleo do motor | 1,5 litros |
Capacidade do tanque de combustível (reserva): | 19,2 litros (4,5 reserva) |
Alimentação: | Injeção eletrônica |
Sistema de ignição: | TCI |
Bateria: | 12V x 6 Ah, selada |
Transmissão primária: | engrenagens |
Transmissão secundária: | corrente |
Embreagem: | Úmida, disco múltiplo – mola helicoidal |
Câmbio: | 5 velocidades, engrenagem constante |
Quadro: | Berço duplo de aço |
Ângulo de cáster: | 26° 30' |
Trail: | 104,5 mm |
Pneu dianteiro: | 100/80 17 M/C 52S |
Pneu traseiro: | 130/70 17 M/C 62S |
Freio dianteiro: | Disco hidráulico de 282 mm de diâmetro |
Freio traseiro: | Disco hidráulico de 220 mm de diâmetro |
Suspensão dianteira: | Garfo telescópico |
Suspensão traseira: | Mono amortecida |
Curso da suspensão dianteira: | 120 mm |
Curso da suspensão traseira: | 120 mm |
Painel de Instrumentos: | Painel digital – velocímetro, hodômetro total e dois parciais (trip1 e trip2), mais hodômetro do combustível (f-trip), marcador do nível de combustível digital e relógio. Luzes espias – contagiros análogo. |
Peso (ordem de marcha): | 154 kg |
Cilindrada real: | 249,0 cc |
Cores: | preta e prata |
Preço: R$11.690,00
Não há dúvidas de que a Fazer é uma excelente moto, até mesmo a melhor da categoria, mas eu acredito que já está na hora da Yamaha começar a pensar em algo novo e mais competitivo, pois sabemos que a Yamaha tem qualidade para isso e a Fazer mesmo é prova disso. Inclusive a Honda, por mais criticada que seja não dorme no ponto nesta categoria, pois no Brasil lançou a “CG” 300 que na minha opinião não me agrada nem um pouco. Mas só para vocês terem idéia comparando com a Argentina lá ainda não tem a “CG” 300 e a Honda lá ainda vende a Twister como moto nova com outras cores e carburada, vejam o link http://motos.honda.com.ar/motos/CBX-250 , então… gosto da Fazer e acho uma excelente moto mas acredito que já está na hora da Yamaha mudar e colocar uma moto mais competitiva no mercado. A Dafra tem a Next e estou vendo muitas dela na rua, e se por exemplo por algum milagre a Suzuki trouxer a Inazuma no próximo ano?!?! E ainda correm boatos em reportagens sobre motos meia Megelli meia Zongshen para 2013 na Kasinski. Então é hora de renovar Yamaha, até porquê já no ano que vem teremos a “CG” 300 flex.
Essa moto e a melhor dessa categoria,economica,bonita,da pouquissima manutençao e com um pouco de imaginaçao vc da uma mudada no visual dela.Agora se vc ta bem de bolso compra uma KTM 200cc e va ser feliz pra KCT..hehehe!!!
Parabéns pela matéria Edgar Rocha!
Tive uma fazer ano/modelo 2008. Boa mesmo! Economia fantastica. Eu soh acho que esse motorzinho merecia uns cavalinhos a mais. Talves isso mudaria a proposta da moto de ser economica neh?! Mas falta potencia. Qdo viajava com a minha o motor dela esforçava demais, pelo menos era o que me parecia. Isso q naum passava de 120 km/h justamente pra naum forçar tanto.
Se a Yamaha quer uma moto assim economica poderia lançar outro modelo tipo 400 cc, mais potente e tal. Que naum tivesse tanta preocupação com o consumo, mas que tbem naum fosse deixado totalmente de lado. Uma moto melhor pra viajar e tal… E pra usar no dia a dia tbem. Ou entaum dar uma mudada na Fazer, apenas uns 26 cv por exemplo jah fariam uma diferença e tanto, sem comprometer tanto o consumo.
FAZER ja é um modelo economico, ao invés de por refrigeração líquida e freio com pistões duplo na vira-lata eles me vem com essa de FLEX, faça-me o favor dona yamaha, vá ver se eu to lá na esquina.
Tanto HOnda quanto yamaha pintam e bordam com a cara do consumidor, parem de defender usem a internet direito, entrem nos sites da yamaha internacionais, e vejam a diferença dos produtos, tanto fazer quanto CB300R e cria, a primeira coisa que acontece é o escapamento ficar marrom bosta, aquela cor horrivel, você n vê isso na dafra, MOTO DO ANO 2013 CATEGORIA STREET ATÉ 300cc. isso inclui, ninjinha e o escambal, ou seja, honda e yamaha estão dormindo no ponto, acordem!
Falam e falam da yamaha, mas me digam quando foi lançada a primeira CG300 e o que mudou de la pra cá?
Muitas empresas nao mudam seus produtos pelo fato de seu design ainda ser atual, o que é o caso da Fazer, a Dafra Next 2013 tem o mesmo design de uma fazer 2011, o que prova que a Yamaha ja estava a frente de seu tempo em 2011.
Seria interessante alguma alteraçao ou atualizaçao, nao uma mudança desnecessaria, o unico motivo da honda vender mais é o fato de ter mais CC e o pensamento pequeno do brasileiro, que ainda acredita que Honda é inquebravel, economica, a manutençao igual de bicicleta e na hora de vender eh facil e valorizada.
Tudo mentira!!! Historia pra boi dormir!!!
Belo teste. Esclarecedor. Parabéns!
As médias de consumo são bem próximas, tem uma boa economia no alcool realmente.
Olá Ivan,
Obrigado pelo seu comentário. Realmente as médias ficaram próximas o que me causou surpresa. Não esperava este resultado. Imaginei que a proporção seria semelhante a de um automóvel
Abraços
Esperava um consumo melhor, mas esse é bom. A sra Yamaha fez mais uma maquilagem na Fazer, e agora fez uma mais ousada para os padroes Yamaha. Afinal de contas a Yamaha lança uma moto por década, fica fazendo passando um botonzinho de vez em quando e no maximo uma vez ela faz uma transformação estética, tipo um banho de loja e salão de beleza. Sabe aquela mulher que uma vez fica o dia no salão e compra uma roupa nova e quando a gente vê acha que é outra mas quando olha e a mesmo mulher de sempre???!!! Então é isso que a Yamaha faz. E bom ter algo nova de vez em quando né!!
correção “batonzinho”
Walison, claro, totalmente diferente do q a Honda fez com a Twister (anos sem mudar nem um parafuso) e com Falcon (duvido uma pessoa comum encontrar diferença nítidas entre o ultimo lançamento com carburador e a”nova” Falcon com injeção). Comentário típico de um Hondista fanático. Vale lembrar q se a Yamaha não tivesse lançado a YBR, a Titan tava rodando até hoje só com partida a pedal, freio a tambor… Quanto ao teste da Fazer Flex, também achei baixos os números, mas ao menos ela é flex e não mix como as concorrentes. Acho um absurdo uma moto de 250cc custar de 11mil a 16mil reais. Tenho uma Fazer 2006, rodo quase 100km/dia com ela, não considero uma grande moto, tenho muitas ressalvas em relação a ela, mas ainda é muito melhor q um Twister ou uma CB300, então tenho q ficar satisfeito, enquanto não aparecem modelos nessa faixa que realmente impressionem.
Olá Walison,
Obrigado por sua participação. Também esperava médias mais altas, mas rodei quase que a viagem toda em giro alto o que comprometeu a consumo. Acredito que em situações onde o regime do motor seja mais baixo ( cidade ), a média de consumo melhore.
Com relação as alterações no modelo, geralmente grandes empresas tem muita inercia em mudar de direção ou alterar modelos. Vemos o oposto no mesmo segmento (250cc )em empresas menores e mais ágeis.
Abraços