Elas podem não ser percebidas nas ruas, mas já estão entre nós a mais de um século. Estou falando das motos movidas à eletricidade. A primeira patente que se tem registro de uma motocicleta elétrica data de 1860, antes mesmo da invenção do cinema, da televisão e do rádio. As primeiras unidades começaram a ser vendidas em 1911. Entretanto, enfrentavam uma grande dificuldade para se inserirem no mercado: o armazenamento de energia. Não existiam baterias capazes de dar a autonomia suficiente para que o transporte se tornasse atraente para o consumidor. Em 1967, Karl Kodersch criou a primeira célula de combustível para motos elétricas. Mas foi somente no ano de 2000 que as baterias de lítio começaram a ser desenvolvidas, dando vida a motores elétricos mais potentes (como toda nova tecnologia, a origem teve iniciativa militar).
Atualmente existem dezenas de marcas diferentes no mundo que produzem motos elétricas. A redução de emissão de gases tóxicos no meio ambiente, a rotação silenciosa do motor, o baixo consumo de energia fizeram com que muitas empresas investissem nessa tecnologia, principalmente aquelas alocadas em países com alta densidade demográfica e baixa renda per capita. Esses são exemplos dos dois países que mais consumem o produto: China e Índia.
Mas o mercado europeu e norte-americano não fica para trás. Os Estados Unidos e Alemanha representam uma grande fatia do mercado produtor de motos elétricas. Entretanto, as vendas desses veículos têm ficado aquém das aspirações da indústria em nível mundial. Essa afirmação é da Pike Research, consultora americana de tecnologias limpas. Mas se depender de suas previsões, os próximos anos apresentarão boas-novas para o setor. A expectativa é que somente a China tenha 13,5 milhões de unidades circulando em 2017 (mais do que toda a atual população de São Paulo).
Devido à atual crise internacional, o crescimento no ocidente será menos significativo. A Pike Research prevê um aumento de 41 mil unidades anuais de motos elétricas na América do Norte e 110 mil na Europa. E os principais motivos para isso são: motor silencioso e sem vibração; maior economia de combustível; facilidade e praticidade para o carregamento da bateria (basta ligar na tomada); não polui o meio ambiente.
Principais marcas
No oriente, a China representa o maior mercado. Empresas como a Chaowei Power, Jiangsu Xinri E-Vehicle, Tianneng Power e ZAP já produzem motos elétricas em grande quantidade. As gigantes japonesas, Honda e Yamaha, lançaram seus primeiros protótipos e devem conquistar uma fatia do mercado nos próximos anos. Na Índia, a Agni Motors, é uma empresa que abastece parte do mercado com seus motores elétricos. Eles têm 12 cavalos de potência, 60 volts e 3000 rpm. O diferencial é que podem ser recarregados através de painéis solares.
Os Estados Unidos são conhecidos por suas motos grandes e potentes. Mas aos poucos o mercado das elétricas vai ganhando força. Dezenas de marcas já comercializam o modelo no país. Uma delas é a New Vectrix. Fundada em 1996, ela tem como principal lançamento a VX-1 Li+. O scooter não fica muito atrás das motos de baixa cilindrada do mercado a gasolina. Isso porque ele chega a atingir a velocidade de 110 km/h, tem autonomia de até 136 quilômetros e capacidade da bateria de 5,4 kw/h. O problema é o preço: U$ 14 mil, algo próximo a R$ 25.480.
Para quem procura algo mais barato, a Current Motor Company oferece seu scooter por $9,995 (R$ 18.190). Ela tem velocidade máxima de 88 km/h e autonomia de 80 quilômetros. A bateria – que leva cinco horas para carregar – tem três anos de garantia e a pilotagem do scooter custa ao proprietário em média dois centavos de dólar por milha percorrida (uma milha tem 1,6 quilômetros). O mais interessante é o recurso de conectividade 3G que ela oferece.
A marca Brammo lançou quatro modelos elétricos em 2011. O mais barato para o consumidor custa U$ 8 mil (R$ 14.560). A Enertia alcança velocidade máxima 68 km com seu motor de 13 kw a 4.500 rpm. A bateria demora quatro horas para recarregar e tem vida útil de duas mil recargas. Outra marca americana é a e-Moto LLC. No ano passado ela lançou um line-up com sete modelos de scooters. A top de linha é a G6, que pode alcançar 96 km/h com seu motor de 5 mil watts de potência. A bateria de lítio de 72 volts demora o tempo padrão para recarregar: de quatro a seis horas.
Outra marca que investe em tecnologias de energia limpa é a Xtreme Green. Ela desenvolve diversos tipos de veículos elétricos. A X Rider é um dos lançamentos de duas rodas. Para andar na cidade ela é uma boa opção. Pilotando em média a 56km/h a moto tem autonomia de 160 quilômetros. A bateria de lítio segue o padrão das demais: vida útil de duas mil recargas. O melhor fica por conta da velocidade de carregamento. Em apenas duas horas ligada na tomada já está pronta para pegar a estrada.
Para quem busca velocidade em uma moto elétrica, a Zero S ZF9 da Zero Motorcycles é uma ótima opção. Ela pode alcançar 142 km/h (mais que muita moto brasileira de baixa cilindrada) e tem autonomia máxima de 183 quilômetros. Mas toda essa velocidade tem um preço. A bateria demora 9h para carregar completamente. Caso você for aos Estados Unidos poderá comprar a Zero F ZF9 por U$13.995 (R$ 25.470).
Na Europa, a Alemanha é um país que investe forte no segmento elétrico. A E-Max desenvolve oito modelos de scooters. A 90S não é um veículo para quem quer correr. Ele atinge no máximo 45km/h. Seu diferencial é a capacidade de carga (190 kg) e vida útil da bateria (300 ciclos). A bis Vienna, da iO Scooter, não muda muito. Tem a mesma velocidade final e sua bateria carrega em 3,5 horas.
Agora, para quem não tem paciência de esperar a motoca carregando na tomada, a Freeride E (da marca austríaca KTM) é uma excelente opção. Em apenas 90 minutos está totalmente carregada. Com estilo freestyle, o motor de 30 hp tem força suficiente para carregar os 95 kg de peso. E por falar em peso, a italiana Oxygen é bem robusta. O Cargo Scooter Long Rang pesa 171 kg e suas quatro baterias de 48 volts demoram 6,5 horas para carregar. Rodando a 65 km/h tem autonomia de 120 quilômetros.
No Brasil, o mercado de motos e scooters elétricos ainda engatinha. A Kasinski é a única marca que representa o segmento. A Prima Electra 2000 foi apresentada ao publico no Salão Duas Rodas em outubro de 2009. A promessa era um veículo leve e econômico para pequenos deslocamentos urbanos. Promessa feita, promessa cumprida. Com 2.000 watts de potência, ele pode atingir os 60km/h. Mas a melhor notícia para o usuário é média de consumo. Com R$ 1 é possível rodar 60 quilômetros (preço inicial da linha 2012, R$ 3.990). Em seguida a marca lançou a versão mini, chamada de Prima 500. A autonomia é um pouco menor (40 quilômetros), mas é compensada pelo preço de fábrica: R$ 2.690 na linha deste ano.
Fotos: kasinski.com | Electra 500 (esq) e Prima Electra 2000
O último lançamento (fevereiro de 2012) foi a moto Cub Win Eletrika. O novo modelo tem 1.000 watts de potência (a metade da sua antecessora Prima 2000), baterias de chumbo, rodas raiadas aro 17” e freios a tambor. Mas as novidades param por aí. Quem buscava maior autonomia e velocidade se decepcionou. Ele consegue rodar no máximo 50 quilômetros em uma velocidade máxima de 50 km/h. Indicada para trajetos curtos, o próprio deslocamento dentro de cidades grandes como São Paulo pode ficar comprometido (eu por exemplo percorro 25 quilômetros para chegar da minha casa ao trabalho diariamente. Seria preciso carregá-la pelo menos duas vezes ao dia).
Assim, com poucos modelos disponíveis, o Brasil corre no final da fila no mercado mundial com uma incômoda pedra no sapato. E ao consumidor, só resta aguardar por novos lançamentos que apresentem maior autonomia, fato que empresas europeias, americanas e asiáticas já conseguiram solucionar.
Apenas para conhecimento dos que procuram por informações reais.
O Brasil possui matriz energética limpa, com 87% proveniente de usinas hidroelétricas, bem como grande capacidade de geração. Pelas conclusões da usina Itaipú binacional (que está desenvolvendo um carro elétrico em parceria com a Fiat), se 3 milhões de veículos elétricos fossem conectados ao mesmo tempo para recarga isto representaria um acréscimo de somente 3,22% no consumo na usina de Itaipú.
O problema está no governo brasileiro que não quer abrir mão dos mais de 50% de impostos embutidos no preço do litro da gasolina! A Petrobras dá muito lucro ao governo federal e de alguns estados, sendo assim, carro elétrico no Brasil ainda é utopia.
Bem, eu estava digitando um texto com embasamento técnico aqui, mas este site possui “reload automático” e apagou meu texto quando eu já estava terminando! Não tenho mais tempo pra digitar tudo novamente.
Senhor webmaster, melhore seu site!
Olá para todos!
Visualizando o futuro, podemos ver todo comprador de uma moto dessas, chegando em casa e ligando a mesma na tomada. Podemos também ver a conta de energia subindo e a energia elétrica também ficando mais cara e o Governo tendo que fazer mais hidroelétricas. Dá para se concluir que teremos um problema bem grande!
Grato!